Novidades: agosto, 2005

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MEDICAMENTOS CONTAMINAM A ÁGUA

CAI EM UM TERÇO ESPERMATOZÓIDES DE PAULISTANOS

CONFIRMADO VÍNCULO ENTRE CÂNCER INFANTIL E POLUIÇÃO AMBIENTAL

 

MEDICAMENTOS CONTAMINAM A ÁGUA

(WEB. 03 de agosto de 2005).
Pesquisas feitas na Europa revelam que princípios ativos de remédios ameaçam ecossistemas e fluem das torneiras domésticas. No Brasil, o problema pode ser ainda mais grave.


Por Riad Younes

Tomar um comprimido de antibiótico, antidepressivo, anticoncepcional etc. é a coisa mais comum no dia-a-dia. Esses remédios essenciais para resolver problemas de saúde graves agem no corpo durante horas ou dias. Mas e depois? O que acontece com eles? Essas substâncias que ingerimos e que fazem tanto bem combatendo as mais diversas doenças, que destino elas têm dentro do nosso corpo? Quando e como saem do nosso organismo?
Riscos.
No Rio de Janeiro, a concentração das drogas encontradas na água era mil vezes mais alta que na Suíça
De acordo com os cientistas, de um terço a 90% de todas as doses administradas de alguns remédios, como os antibióticos, são excretados na urina.

As drogas e os medicamentos que ingerimos ou recebemos por injeção são eliminados do nosso corpo na sua forma original através da urina e das fezes ou, depois de transformados em nosso próprio organismo, podem ser eliminados na forma de metabólito (o fragmento químico dessa substância). Esse metabólito pode ser ativo ou totalmente inerte. Sua eliminação, na maior parte das vezes, também ocorre na urina ou nas fezes.

Alguns dos metabólitos são bem mais ativos e mais tóxicos do que a droga original e, geralmente, são mais solúveis em água. Pior ainda: alguns desses metabólitos inativos, quando liberados no meio ambiente, podem voltar à sua forma ativa pela ação de bactérias presentes em água ou terra. Isso não é uma mera curiosidade da biologia humana, mas tem a ver com a biologia de todos os animais.

Recentemente, pesquisadores ligados ao governo suíço iniciaram um estudo sistemático de poluentes em águas de várias regiões daquele país.

Enquanto procuravam por pesticidas, por acaso detectaram na água de um lago traços de um remédio utilizado para diminuir o colesterol, o clofibrato. Espantados, investigaram as águas dos rios e dos lagos na região rural da Suíça, além dos grandes centros urbanos. Havia clofibrato em todo canto.

A reação imediata foi sugerir a prisão dos responsáveis pela indústria fabricante do medicamento, pois certamente estavam poluindo as águas dos rios. Depois de procurar, descobriram, curiosamente, que esse medicamento não é fabricado na Suíça. Portanto, não era possível atribuir a presença do clofibrato a acidentes industriais.

Ao analisar os esgotos urbanos, os mesmos cientistas observaram que a droga vinha diretamente dos dejetos humanos. As pessoas comuns que, na tentativa de controlar o colesterol, tomam o seu clofibrato diariamente, vão ao banheiro e despejam gramas e mais gramas dessa substância no ecossistema.

Outros pesquisadores, na Alemanha, encontraram traços desse mesmo medicamento na água de torneira dos moradores de Berlim. Esses estudos repetiram-se ao redor do mundo. Mais e mais medicamentos são identificados no solo e nas águas. Em concentrações mínimas, bilionésimos de miligramas (nanogramas), mas detectáveis.

As dúvidas e questionamentos são óbvios e surgiram automaticamente. Essas drogas presentes no ambiente, mesmo em doses tão minúsculas, apresentam algum risco para a saúde das pessoas? E para plantas, animais terrestres e peixes, existe algum risco? Eliminar na urina antibióticos pode contribuir para a seleção e o aparecimento de bactérias resistentes aos medicamentos disponíveis atualmente no mercado?
Incógnita.
Os efeitos de diversas drogas levadas pelos esgotos ainda são desconhecidos
Não há dúvida que toneladas e toneladas de drogas são prescritas todos os dias em todo o planeta. Cientistas ao redor do mundo, mas principalmente na Europa, têm observado que números cada vez maiores de drogas complexas – incluindo hormônios, medicamentos para o coração, vitaminas, antiinflamatórios etc. – sobrevivem ao sistema digestivo e são eliminados por meio das fezes e da urina. Muitas delas conseguem “driblar” os sistemas de saneamento básico e de tratamento de esgotos. Caem nos rios e nos lagos e voltam através de nossas torneiras.

Agricultores e fazendeiros rotineiramente utilizam a urina e o esterco dos animais como fertilizantes agrícolas. Qualquer remédio eliminado por essas vias seria absorvido por plantas, ou ser levado pelas águas das chuvas ao rio mais próximo.
Nas fazendas de peixes a situação é mais grave. Existe uma linha direta para os antibióticos alcançarem nossas águas. Os fazendeiros colocam muitos remédios diretamente nos tanques.

Na Dinamarca, por exemplo, as autoridades de saneamento notaram que 70% a 80% das drogas administradas nas fazendas de peixes acabam automaticamente no meio ambiente. Ao redor dessas fazendas, pesquisadores como L. Wollenberger e B. Halling-Sorensen, da Real Faculdade de Farmácia da Dinamarca, têm isolado bactérias resistentes a antibióticos. Essa resistência foi correlacionada com o número de antibióticos utilizados como aditivos na dieta dos peixes.

Infelizmente, poucos estudos científicos tentaram detectar os efeitos dessas drogas diluídas na água sobre a saúde da população. Não há dados precisos ou estimativas coerentes de níveis que possam ser considerados seguros para os animais e para o ser humano.

Uma pesquisa recentemente publicada por biólogos avaliou o impacto de alguns medicamentos dissolvidos nas águas sobre peixes que vivem livres em lagos e rios. Os cientistas encontraram efeitos claros dos estrógenos (hormônios femininos presentes nos anticoncepcionais e nos medicamentos de reposição hormonal pós-menopausa) sobre o comportamento dos peixes.

Mesmo nas concentrações muito baixas, os peixes machos começam a produzir proteínas somente detectadas em fêmeas. Essas mudanças afetam o ciclo reprodutivo desses animais.

Outros estudos demonstraram a toxicidade dos antibióticos presentes em rios e lagos europeus, o que ameaça a sobrevivência de algas, crustáceos e outros habitantes das águas.

É verdade que isso pode não representar riscos reais para os seres humanos, mas o simples fato de as técnicas atuais terem a capacidade de detectar concentrações tão reduzidas de substâncias tóxicas pode dar dicas sobre seus potenciais efeitos deletérios nas pessoas.

Por enquanto, não há consenso ou indícios claros de prejuízos, sobre a população, causados por essas substâncias liberadas no meio ambiente. Apesar disso, cientistas acham que está na hora de concentrar esforços no sentido de esclarecer a dimensão real do problema, e de produzir substâncias e medicamentos mais amigáveis para o meio ambiente. Novas pesquisas são necessárias.

As autoridades sanitárias deram, até hoje, pouca atenção a esse tipo de poluição. A maioria dos países desenvolveu padrões especificamente dirigidos para a proteção do ambiente contra poluentes como pesticidas e outros químicos industriais potencialmente tóxicos – e as drogas e os medicamentos não são geralmente considerados como poluentes.

Ao redor do planeta, autoridades públicas começam a se preocupar com o que se esconde diluído na água. Este novo fenômeno está atraindo cientistas do mundo inteiro e no Brasil não é diferente.

No fim da década de 90, pesquisas detectaram traços de remédios antiinflamatórios, estrógenos e antilipêmicos (contra o colesterol) em águas de rios e em afluentes de estações de tratamento de esgotos, no estado do Rio de Janeiro. Diferentemente do que foi observado na Europa, a concentração dessas substâncias foi considerada relativamente elevada (mais de mil vezes a concentração dessas substâncias encontrada na Suíça).

Os cientistas acreditam que essa contaminação das águas fluminenses seja resultado da remoção incompleta dessas substâncias nas estações de tratamento, além da persistência de esgotos que deságuam diretamente nos córregos e nos rios.

O alerta, portanto, já foi dado pelos especialistas. Algumas medidas são fundamentais para prevenir uma contaminação ainda maior: mudanças nos sistemas de monitoramento desses produtos no meio ambiente, melhor depuração de substâncias nocivas nas estações de tratamento e a conscientização da população contra o descarte de remédios não utilizados ou vencidos em lixo comum ou diretamente no meio ambiente.

São medidas importantes para a proteção de seres vivos. Humanos ou não.

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CAI EM UM TERÇO ESPERMATOZÓIDES DE PAULISTANOS


A quantidade de espermatozóides no sêmen dos paulistanos reduziu cerca de um terço nos últimos dez anos, segundo levantamento do Banco de Sêmen do Hospital Israelita Albert Einstein. De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, no período, a concentração nas amostras avaliadas passou de 100 milhões a 150 milhões para 30 milhões a 50 milhões por doador.
Não há certeza sobre os motivos que geraram a redução significativa, mas estudos anteriores indicam para a hipótese de influência de contato com produtos industrializados. Segundo a coordenadora do Banco de Sêmen, Vera Beatriz Fehér Brand, se o padrão atual de espermatozóide se mantiver, não ocorrerão problemas na fertilidade masculina.
O único doador do Rio, que vive na praia, atinge a média de 150 milhões de espermatozóides, não sendo ainda afetado pelo problema que atinge os outros doadores do Einstein, a maioria de São Paulo. Entretanto, não há dados suficientes para detalhar diferença entre a concentração de espermatozóides de moradores de cidades maiores ou menores.
Metade dos doadores que procuram o Albert Einstein tem a amostra rejeitada por não atingir o mínimo necessário de espermatozóides. Segundo os padrões da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, é preciso ter pelo menos 50 milhões deles, com 50% de mobilidade, ou seja, 25 milhões de móveis.
Estudos mundiais apontam que a redução dos espermatozóides seria explicada pelo contato com as substâncias químicas presentes no ambiente em geral, especialmente os químicos presentes nas embalagens plásticas de alimentos e produtos de limpeza.

Redação Terra

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CONFIRMADO VÍNCULO ENTRE CÂNCER INFANTIL E POLUIÇÃO AMBIENTAL


Os diversos tipos de câncer infantil estão estreitamente ligados à poluição ambiental provocada pelos motores. A afirmação partiu de um estudo publicado nesta quarta-feira pela revista britânica Epidemiology and Community Health.
Durante a pesquisa, foram estudadas as condições ambientais em que viviam 22 mil e quinhentas crianças que morreram de câncer na Grã-Bretanha entre 1955 e 1980. A análise revelou que a maioria delas teve algum contato com grandes centros emissores de poluentes.
Tais centros foram identificados em mapas específicos de níveis de poluição. Descobriu-se que os poluentes mais significativos foram o monóxido de carbono, o óxido de nitrogênio, o butadieno, as dioxinas, o benzopireno e outros compostos orgânicos.
Após uma análise feita por computador que incluiu dados como os locais de nascimento, residência e morte das crianças e os dos centros de emissão, os pesquisadores concluíram que o risco de câncer aumenta quando as crianças vivem a cerca de 300 metros de um centro de emissões químicas.
As possibilidades também aumentam quando elas vivem a um quilômetro de centros emissores móveis, como um terminal de meios de transporte. O estudo destaca que a combinação de butadieno e monóxido de carbono com as emissões de um terminal rodoviário, por exemplo, aumenta em 12 vezes os riscos de uma criança morrer de câncer.
George Knox, professor da Universidade de Birmingham e autor da pesquisa, sugeriu que a exposição de uma criança aos poluentes, seja no ventre materno ou nos primeiros meses de vida, pode determinar a possibilidade de a mesma sofrer algum tipo de câncer em seus primeiros anos de vida.
Por isso, destacou que é necessário controlar melhor os centros emissores de poluentes, especialmente os de butadieno e monóxido de carbono.

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