Vitamin Research News (Notícias de pesquisas com vitaminas), jul/2000, vol.14, nº 7.

 

Estrogênios ambientais

A ameaça invisível que nos espreita.  

                                                                por Kimberly Pryor

                  Diariamente, tanto comemos como respiramos substâncias que causam malformações em fetos e cânceres em animais. Estas moléculas, estrogênios artificiais, estão dispersas em todos os ambientes (nt.: estrogênio é um dos  hormônios naturais feminino). Estão no leite e na água que bebemos, no alimento que consumimos, nas pílulas de controle da natalidade, nos selantes para tratamento odontológico, nas embalagens e produtos plásticos. Baseando-se nas concentrações presentes no leite materno das mulheres norte-americanas, estima-se que pelo menos 5%, ou mais, dos bebês nascidos nos Estados Unidos, estão expostos a quantidades de PCB’s (nt.: policloretos bifenilos) suficientes para causarem efeitos neurológicos negativos.

                As preocupações em torno destes estrogênios artificiais são tão grandes que em 1999 a Environmental Protection Agency/EPA (nt.: Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) iniciou um programa para catalogar e testar o potencial de impacto sobre o sistema endócrino (nt.: sistema orgânico onde se inserem os hormônios) de 87 mil substâncias químicas que atualmente são utilizadas comercial e industrialmente. O CDC/Centers for Disease Control (nt.: Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos) e o NIH/National Institutes of Heath (nt.: Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos), irmanados, coletam e examinam amostras de sangue e de urina para quantificarem qual o nível de risco que os norte-americanos enfrentam ao se exporem a, aproximadamente, 50 (cinqüenta) estrogênios ambientais.

                E neste meio tempo, o que poderíamos estar fazendo para nos protegermos destas substâncias químicas artificiais amplamente dispersas? Cientistas pesquisam, in vivo e in vitro, se certos nutrientes podem nos proteger contra estes estrogênios ambientais. Antes de indicar quais deles poderiam agir como uma espécie de barreira ecoestrogênica, devemos avaliar o como e o porquê que estes químicos tanto ameaçam nossa longevidade como a saúde de nossas crianças.           

Contaminação Globalizada.  

                Um exemplo bem sombrio que mostra as lamentáveis conseqüências da interação do ser humano com estrogênios ambientais foi verificado em uma pesquisa realizada em 1984. Envolveu 242 crianças recém-nascidas cujas mães consumiram peixes do Lago Michigan/USA, por mais de seis anos. Eles estavam contaminados com quantidades moderadas de PCB’s. As mães que gestaram estes bebês haviam consumido estes peixes e as crianças demonstraram, ao nascer, uma média de 190 gramas a menos do que outras crianças saudáveis que serviam como controle. Este nível foi comparado aos pesos também baixos de nascituros de mães que fumavam durante a gravidez. As crianças expostas ao PCB apresentavam menores circunferências de seus crânios e exibiam retardamento em sua maturidade neuromuscular. Além disso, mães que consumiram maiores quantidades de peixes apresentavam concentrações muito mais altas de PCB e seus bebês apresentavam níveis elevados de PCB em seus cordões umbilicais. E é mais perturbador quando se constata que estas mães consumiram não mais do que dois salmões, ou trutas do lago, por mês.       

                A continuação da pesquisa indicou que, entre o sexto e o sétimo mês, as crianças contaminadas demonstraram baixo desenvolvimento psicomotor e sua cognição visual era mais pobre quando comparadas com as crianças que estava na função de controle. Já aos quatro anos, apresentaram problemas nas atividades de memória de curto prazo. Durante a pesquisa, 17 das crianças cujas mães apresentavam concentrações mais altas de PCB’s em seu leite materno, tornaram-se intratáveis, recusando quaisquer processos de socialização. Noutra pesquisa que comparava estas mesmas crianças com outras de mães que foram expostas a acidentes rurais com PCB’s, demonstrou que ambos os grupos tiveram seu crescimento retardado e apresentavam deficiências neurológicas. Estas deficiências foram relacionadas diretamente às concentrações de PCB’s presentes no soro tirado de seu cordão umbilical e nos níveis que apresentavam em seu sangue quando fetos. Nos Estados Unidos muitas são as bacias hidrográficas que estão contaminadas exatamente como se verifica a que hoje existe na região dos Grandes Lagos. No Vale Central da Califórnia, os animais selvagens bebem água dos canais de drenagem agrícolas que contém estrogênios sintéticos. Na Europa, em comunidades rurais do sudeste da Espanha, em amostras do tecido gorduroso de suas crianças, foi verificada a presença de 14 princípios ativos de agrotóxicos.

                Mesmo tendo sido banidos dos Estados Unidos desde o início dos anos setenta, estrogênicos sintéticos como o agrotóxico DDT e os PCB’s (nt.: produto  empregado desde os anos 30 e 40 como fluido de transformadores elétricos sendo mais conhecido pelo nome de ascarel) continuam envenenando o ambiente, seja pela continuação de seu uso em países subdesenvolvidos seja por sua habilidade de se volatilizar e permanecer em suspensão transitando por toda a atmosfera terrestre. Soma-se a isto, a tenaz competência destes ecoestrogênicos de se manterem ativos no planeta. É o caso do DDT que, em solos temperados, tem uma meia-vida de 57,5 anos. Mesmo com o banimento destas duas substâncias destrutivas, outros agrotóxicos, plastificantes e substâncias químicas, todas estrogênicas, continuam sendo ainda largamente utilizadas nos Estados Unidos.

Esta contaminação, amplamente dispersa, é extremamente alarmante por serem os PCB’s, as dioxinas, o DDT e vários outros agrotóxicos – comumente chamados de compostos organoclorados – lipossolúveis. Ou seja, encontram guarida em todos os tecidos gordurosos dos organismos vivos. Estes compostos, organoclorados, são detectados, especialmente, no leite materno por seu alto teor de substâncias graxas. Os embriões e fetos, em seus organismos em formação, já apresentam concentrações destes tóxicos muito semelhantes às de suas mães. Por esta razão, são as crianças que estão, permanentemente, sob sério risco.

                Em geral os seres humanos estão expostos aos componentes estrogênicos tanto via consumo de carnes de animais tratados com esteróides sexuais (nt.: hormônios sexuais) como através dos laticínios. O JECFA/The Joint Food and Agricultural Organization/Wolrd Health Organization Expert Committee on Food Aditives-JECFA (Organização Integrada de Alimento e Agricultura/Comitê de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização Mundial da Saúde) e a FDA/Food and Drugs Administration (Administração de Alimentos e Fármacos dos Estados Unidos) defendiam, em 1988, que estes resíduos de estrogênicos, detectados em carnes de animais tratados com esteróides, não ofereceriam riscos aos seus consumidores.

Atualmente, um grupo de cientistas, reavaliando estas conclusões do JECFA, está extremamente preocupado com as concentrações de um estrogênio natural, chamado estradiol, encontrado em carnes para consumo. Estes cientistas acreditam que estes resíduos podem colocar em risco a saúde de crianças em sua fase da pré-puberdade. Na opinião deles, aquelas conclusões do JECFA, quanto à presença de resíduos de hormônios em carnes, “parecem estar baseadas em hipóteses inconsistentes e dados científicos inadequados”.  

Perigosas Origens.  

                Nos primórdios dos anos setenta, pela primeira vez, cientistas concluem que substâncias que não foram sintetizadas para agirem como hormônios poderiam, no entanto, desempenhar (ou mimetizar), não intencionalmente, o papel biológico de certos hormônios. Esta constatação veio depois do derramamento de uma substância química sintética chamada de Kepone, princípio ativo utilizado para a manufatura de um agrotóxico chamado pela marca comercial de MIREX. Este acidente redundou na queda no número de espermatozóides daqueles homens que foram contaminados por contato com o produto. Pesquisadores confirmaram que o Kepone era um estrogênio fraco mesmo que sua estrutura química não tivesse nenhuma semelhança com a do hormônio natural. E logo constataram que o Kepone tinha muitos outros companheiros estrogênicos. Confirmaram, por exemplo, que o DDT e outros agrotóxicos atuavam ou como um estrogênio endógeno ou produziam metabólitos (nt.: produtos que se formam a partir de sua degradação) que atuam como estrogênios.

A vida selvagem parece ser especialmente vulnerável aos estrogênios ambientais. De fato, problemas com animais selvagens fornecem os primeiros indícios de que os estrogênios ambientais também podem trazer problemas aos seres humanos. Após examinar salmões, de dois e quatro anos de idade capturados nos Grandes Lagos, nos EUA, os pesquisadores constataram aumentos do volume das glândulas tireóides em todos os espécimes. Dos machos, entre 40 a 80%, apresentaram altas taxas de maturação sexual precoce. Agregava-se a isto, de que muitos ovos não eclodiam. E este efeito, desastroso, acompanha todos os níveis da cadeia alimentar. Nos ninhos da águia careca (nt.: símbolo norte-americano), verifica-se que os ovos ficaram com suas cascas frágeis e delgadas e por isso quebradiços. Este efeito havia sido atribuído somente ao DDT. Mais tarde, no entanto, foi confirmado o papel destrutivo que também tinham os hormônios ambientais. Verificou-se isto quando foram descobertas, pelos pesquisadores da Universidade da Florida, anormalidades no processo reprodutivo de fêmeas de jacarés como a feminização dos machos que nidificavam no Lago Apopka, na Flórida (nt.: área pantaneira próxima à Disneyworld).

                Este lago está localizado numa área identificada pela EPA (nt.: Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) como contaminada em razão de um derramamento dos agrotóxicos Dicofol e DDT (nt.: ambos organoclorados). São substâncias reconhecidamente mimetizadoras de hormônios naturais. As jacarés fêmeas, aos seis meses de idade, apresentam concentrações de hormônio feminino estrogênio, quase duas vezes maiores, do que as fêmeas normais. Sofrem também de anomalias em seus ovários e as taxas de mortalidade são elevadas. Em jacarés machos jovens, os níveis do hormônio testosterona são três vezes maiores do que os verificados em machos do lago Woodruff. No lago Apopka os machos também apresentavam testículos mal formados além de pênis anormalmente pequenos. Em dois casos, os jacarés foram identificados primeiramente como fêmeas para a posteriori constatar-se que eram machos sem pênis já que possuíam testículos. Dois outros animais que tinham um pênis tipo um apêndice foram identificados no início como machos para mais tarde verificar-se que eram fêmeas por terem tecidos ovarianos. Os pesquisadores concluíram que estas anormalidades nos aparelhos reprodutivos são devidas, provavelmente, à exposição dos jacarés a substâncias estrogênicas.               

Anormalidades do Aparelho Reprodutivo.       

                Muitas moléculas químicas artificiais portam-se como embusteiros já que imitam a ação dos esteróides sexuais. Conseguem enganar processos orgânicos vitais fazendo com que o corpo acredite que são estrogênios endógenos naturais. Deslocando os hormônios verdadeiros para fora de sua rota natural, tornam-se ativos e aptos. Substituindo os hormônios naturais, estes impostores são capazes de enviar sinais errados para o receptor químico que transporta o hormônio natural, tomando seu lugar na rota metabólica em que trabalha.

                Apesar de haver um intenso debate a respeito da extensão dos perigos representados pelos estrógenos ambientais, já existem muitos pontos demonstrando os possíveis vínculos entre estes hormônios artificiais, câncer e anomalias no trato reprodutivo. Um destes acontece desde 1948 quando médicos começaram a prescrever a pacientes grávidas, o estrogênico sintético Dietilestilbestrol (DES) para prevenir abortos. Vinte e três anos depois, cientistas descobrem que algumas moças adolescentes, cujas mães tomaram DES, desenvolveram adenocarcinoma, uma rara forma de câncer vaginal. As células na vagina ou nas trompas de Falópio destas jovens estavam deformadas além de apresentarem alterações estruturais em seus úteros de meninas.

                Alguns homens, expostos à experiência do DES quando fetos no útero materno, demonstraram aumento na incidência de criptorquidismo, caso em que um ou ambos testículos não descem do abdômen para o saco escrotal. É considerado um importante fator de risco para o câncer testicular. Outro indício relaciona-se com a abertura congênita da uretra masculina na face ventral do pênis, chamada de hipospadia. Também estão tanto a queda na contagem de espermatozóides como do volume do sêmen, encontrados em homens expostos ao DES.

                A incidência de câncer de mama elevou-se drasticamente nos Estados Unidos e está sendo atribuída à acumulação de químicos estrogênicos presentes no meio ambiente. Muitos destes químicos causaram cânceres em animais e são suspeitos de serem carcinogênicos em humanos.

                Ambos, DDT e PCB’s, demonstraram ser promotores de tumores cancerígenos e ter atividade estrogênica. De acordo com o Merrian Webster’s Medical Dictionary, o DDE é ainda considerado um organoclorado persistente e origina-se da metabolização do DDT. Em 58 pacientes com câncer de mama, os níveis do DDE foram de aproximadamente 35% mais altos quando comparado com 171 pacientes saudáveis.

                O aumento na incidência de distúrbios no aparelho reprodutivo masculino tem acompanhado o crescimento do câncer de mama. Câncer testicular, criptorquidismo e anomalias na uretra (hipospadia) – todos com condições de iniciarem ainda lá no estágio de desenvolvimento do feto – mais do que dobraram nos últimos 30 a 50 anos. Já a contagem de espermatozóides teve uma queda de 50%. Enquanto isso, o câncer testicular é considerado agora como o líder na causa mortis entre jovens homens. 

               

O Impacto dos Hormônios Sintéticos.  

O hormônio feminino estrogênico natural – estradiol – conecta-se a proteínas extracelulares e é menos eficaz para entrar na intimidade das células se comparado com hormônio estrogênico sintético – DES/Dietilestilbestrol – que é atraído pelo receptor do estrogênio natural. Tem demonstrado ter muito mais facilidade de acesso ao interior da célula. Em concentrações equivalentes no sangue, mais DES entram nas células do que o estradiol. Como afirma um pesquisador, “o DES é funcionalmente bem mais efetivo do que é o hormônio natural”.

                Pesquisas em ratos demonstraram que os estrogênios ambientais tóxicos afetam dramaticamente a fertilidade natural. Estes químicos sintetizados em altas doses alteraram os tecidos estruturais dos tubos seminíferos de animais machos prejudicando tanto a massa testicular como a contagem de espermatozóides. Também causaram efeitos tóxicos nos dois testículos de ratos bem como em suas estruturas internas. Pesquisadores têm avaliado o quanto estes efeitos podem estar acontecendo nos organismos dos seres humanos. Já outros pesquisadores sugerem que pequenas quantidades de muitos estrogênios químicos, conjuntamente, podem ser tão desastrosas quanto quantidades maiores de qualquer um deles isoladamente. 

                Constataram-se desordens no sistema reprodutivo de populações onde as exposições aos agentes estrogênicos foram altas. Além disto, recente pesquisa feita in vitro definiu que os PCB’s aumentaram significativamente a proliferação das células de câncer de mama chamadas: MCF-7 (uma forma de câncer estrogênico). A adição da droga hidroxitamoxifen, um antagonista estrogênico, inibiu o aumento da proliferação da célula associada ao câncer. Fica claro que a proteção contra estes invasores ambientais nocivos é necessária. Cientistas têm investigado o papel que as substâncias abaixo poderão desempenhar em sua proteção em humanos contra os ecoestrogênios.  

Indole-3-Carbinol.  

O Indole-3-carbinol inibe a proliferação das células de câncer de mama (MCF-7) em humanos com mais efetividade do que a droga tamoxifen. Se esta droga estanca a atividade de uma molécula como as dos PCB’s, o I3C (sigla do indole-3-carbinol) pode fazer o mesmo. Este antiestrogênio pode ser encontrado em verduras da família botânica das brássicas como o brócolis, a couve-flor e a couve-de-bruxelas. Ele altera a rota na qual o estrogênio é metabolizado no organismo. Desviam da rota “equivocada” trazendo-os para a rota “adequada”, conforme foi relatado na edição de outubro de 1999, desta publicação – Vitamin Research News. A rota metabólica do “ativador de tumores”, 16 alfa-hidroxilação, é elevada em pacientes com cânceres endometrial e de mama e naqueles com elevado risco de contraírem cânceres associados aos estrogênios. Quando o estrogênio retorna da rota 16-alfa tomando a rota metabólica do “supressor de tumores”, chamada de 2-hidroxilação, a incidência de cânceres cai.  Indivíduos saudáveis em relação ao risco de cânceres endometrial e de mama, determinados por estrogênios, evitam a rota do 16-alfa e metabolizam o estrogênio através da rota 2-hidroxilação.

Pesquisadores indicaram que alguns agrotóxicos organoclorados elevam a excreção de estrogênios através da rota do “ativador de tumores” em células de câncer de mama (MCF-7) enquanto os fitoquímicos, originários de vegetais como os que têm o indole-3-carbinol (I3C), conduzem o processo de eliminação pela rota do “supressor de tumores”. Pesquisando-se a ação tanto do I3C como do ICZ (produto da condensação ácida do I3C) nos efeitos do metabolismo do estrogênio, constatou-se que as propriedades antiestrogênicas do I3C podem auxiliar na eliminação de contaminantes estrogênicos do organismo.

  Contagem de Espermatozóides e Nutrientes.  

                Carnitina, arginina, zinco, selênio, vitamina B-12, os antioxidantes – glutatione e as vitaminas C e E – além da coenzima Q10, têm se mostrado reativadores tanto da contagem e mobilidade dos espermatozóides como da fertilidade masculina. Numa pesquisa os camundongos alimentados com um de três diferentes agrotóxicos, de 20 a 40 mg/kg de peso vivo por dia de vitamina C ofereceram proteção ao decréscimo e à deformação de espermatozóides desenvolvidos em animais tratados somente com químicos.  

  Antioxidantes e Ecoestrogênios.  

                Pesquisa indica que o dano oxidativo pode favorecer a toxicidade de estrogênios ambientais. Em camundongos, vitaminas C e E podem proteger o fígado contra alguns dos efeitos manifestados pelo químico estrogênico dieldrin (nt.: princípio ativo utilizado em agrotóxicos organoclorados, estando banido na maior parte do mundo como o DDT). Isto também foi demonstrado que estrogênios químicos como os PCB’s aumentam o nível no qual o organismo excreta o ácido ascórbico. A administração de ácido ascórbico para peixes expostos a estrogênios ambientais neutralizou consideravelmente o efeito tóxico do químico através da diminuição em dez vezes no número de peixes mortos. Além disto, porquinhos-da-índia, deficientes em ácido ascórbico, tiveram mais dificuldade em termos de tempo para degradar resíduos de agrotóxicos e experimentando maiores acúmulos de agrotóxicos nos tecidos.

                Tanto em ratos como em porquinhos-da-índia expostos ao violento estrogênio ambiental, PCB, a administração de 1000 mg/kg de vitamina E em seu regime alimentar reduziu significativamente as quantidades de excreção tanto de ácido ascórbico como de substâncias ácido-reativas chamadas de tiobarbitúricas (nt.: TBARS, sigla em inglês), importantes geradoras de oxidação. Em porquinhos-da-índia contaminados com PCB, quando alimentados com altas doses de ácido ascórbico e vitamina E tanto a reversão da severa retardação de crescimento induzida pelo PCB como a redução dos níveis de TBARS foram mais efetivas do que quando as vitaminas foram ministradas separadamente.

                Além disto, cientistas descobriram que carotenos e carotenóides, incluindo os beta-carotenos, estão significativamente menos presentes em pacientes com câncer do que em pessoas saudáveis. Em mulheres na fase da pós-menopausa com câncer de mama, os níveis do soro xantofílico eram significativamente mais baixos do que pessoas sadias. Em mulheres na fase da pré-menopausa os níveis de soro beta-caroteno tendem a ser mais baixos entre casos de câncer de mama do que entre indivíduos saudáveis. Estes resultados sugerem que a combinação de fórmulas de antioxidantes nutricionais pode oferecer significativa proteção contra os estrogênios ambientais.  

Outros Protetores Potenciais.             

                  O consumo de altas quantidades de fibras pode baixar as concentrações estrogênicas no sangue, particularmente em mulheres na fase pré-menopausa. Também a deficiência de selênio pode ser um indicador de estrogênio ambiental. Arraçoar PCB’s a pintinhos faz decrescer a habilidade dos animais de utilizar o selênio, deixando as membranas celulares vulneráveis aos efeitos maléficos da peroxidação induzida pelos agrotóxicos. Estes animais com deficiência de selênio por serem tratados com PCB’s, sugere a possível necessidade de uma suplementação adicional com selênio.  

Conclusão.  

                Esta contaminação de estrogônios ambientais é global. Está praticamente impossível escaparmos de um confronto com estas moléculas químicas. Entretanto, antioxidantes, seja o I3C como outros nutrientes, podem desempenhar um importante papel, protegendo-nos dos efeitos gerados por tais ecoestrogênios.     

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                                                                Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, em ago.2000.PortoAlegre/RS.