Paraguai. A guerra química de destruição em massa de comunidades camponesas e indígenas continua.

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A guerra química no Paraguai é diretamente proporcional à expansão exponencial do . A destruição em massa de comunidades camponesas e indígenas é inerente ao modelo destrutivo extrativista empreendido a partir de 1970, a chamada , a utilização do mesmo pacote tecnológico da  e outras multinacionais que seguem devastando as comunidades camponesas e indígenas com o método da fumigação.

 

 

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/533553-paraguai-a-guerra-quimica-de-destruicao-em-massa-de-comunidades-camponesas-e-indigenas-continua

 

 

A única diferença com a guerra química do Vietnã é que esta nova operação de guerra é chamada de “modernização agrícola”, e chamam a destruição de “Desenvolvimento” e justificam a invasão como “Investimentos”. O crescimento do plano sojeiro com o modelo transnacional no Paraguai é muito evidente. De acordo com os dados da Câmara Paraguaia de Exportadores e Comerciantes de Cereais e Oleaginosas (Capeco), em 1995 foram semeados 833.000 hectares desta oleaginosa. Dez anos depois, em 2005, chegou-se aos dois milhões de hectares. Apenas sete anos mais tarde, em 2012, passou para 3.157.600 hectares.

A reportagem é de Del Rosario Ignacio Denis e publicada no sítio Rebelión, 22-07-2014.

Ignacio Denis é engenheiro agroecológico graduado pelo Instituto Latino-Americano de Paulo Freire(IALA). A tradução é de André Langer.

A morte de crianças pela fumigação química é contínua, e igualmente exponenciais são as doenças, a contaminação de rios, animais. Comunidades inteiras sofrem diariamente a guerra química de destruição em massa das multinacionais do agronegócio. Em 2007, o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas assinalou entre suas observações que “a expansão do cultivo da trouxe aparelhado o uso indiscriminado de agrotóxicos, provocando mortes e doenças de crianças e adultos, a contaminação da água, o desaparecimento de ecossistemas e afetava os recursos tradicionais alimentares das comunidades (Observações finais do CDESC, Conselho Econômico e Social, p. 3).

Este estudo e denúncia realizados pelos organismos nacionais e internacionais foram feitos depois da morte do meninoSilvino Talavera no dia 06 de janeiro de 2003. A foi atingida por glifosato por empresários alemães que estavam fumigando sua plantação de soja, a poucos metros da casa da família Talavera.Também resultaram vítimas dasfumigações os pais do menino e seus irmãos RamónSofía (que sofre sequelas até hoje), Justiniano e Patricio.

Estes crimes, fruto desta guerra química continuada, até hoje seguem impunes. As denúncias nacionais e internacionais dos organismos estão impressos apenas em livros com capas bem desenhadas. Além da dor e da vigilância, as famílias camponesas e indígenas seguem sofrendo esta guerra química continuada.

Na comunidade camponesa de Leopoldo Perrier, a contaminação da população com agrotóxicos chegou a um ponto crítico quando, em agosto de 2007, morreu o menino Jesús Jiménez, de três anos, após intensas fumigações. A população e os pais do menino denunciaram a falta de diagnóstico no momento da sua morte (La Nación, 18-10-2007, p. 40). Como a intoxicação com agrotóxicos foi negada pelos produtores de soja, as organizações conseguiram impulsionar uma ordem judicial para a exumação do cadáver para sua necropsia e a realização de um diagnóstico sócio-ambiental da comunidade por parte de três instituições estatais. A necropsia demonstrou que havia altos níveis de agrotóxicos no corpo.

Uma investigação realizada no mesmo ano nos quatro Departamentos de maior produção de soja revelou que nas comunidades estudadas 78% das famílias apresentavam algum problema de saúde ocasionado pelas frequentes fumigações em plantações de soja, 63% devido à contaminação da água (Palau et. al. 2007).

Novamente esta guerra sem fim no Departamento de Canindeyú, dirigentes da Federação Nacional Camponesa (FNC) denunciaram o caso de dois menores que morreram após apresentar aparentes sintomas de intoxicação. A organização vem sofrendo de maneira sistemática as consequências das fumigações em seus assentamentos. Suas lutas e denúncias contra esta guerra química nunca foram levadas em consideração pelas autoridades nacionais. Sempre de maneira direta tratam de criminalizar suas reivindicações e denúncias, protegendo, por outro lado, as plantações dos empresários com militares e policiais para continuar com as fumigações. De igual maneira, os empresários, com o apoio da polícia, juízes e fiscais, empreenderam uma ameaça contínua contra os principais dirigentes desta organização, inclusive com a ameaça de morte. Existe evidente violação dos pela repressão permanente à comunidade em resistência. Diante deste novo fato, o ministro da SaúdeAntonio Barrios, confirmou a criação de uma equipe multidisciplinar que chegará esta tarde [de quarta-feira] à colônia Huber Dure, em Curuguaty, para investigar estes fatos.

Esta operação de guerra química contra as comunidades camponesas e indígenas faz parte do plano de extermínio do setor camponês, de históricas e longas lutas no país. A vontade de controle total da terra por parte das multinacionais e empresários brasileiros começam a recrudescer seus ataques com a restauração neoliberal do novo rumo para o Paraguaie com o presidente Horacio Cartes, cúmplices e atores diretos do golpe parlamentar perpetrado contra o governo legítimo de Fernando Lugo.

Estas fumigações são acompanhadas de desalojamentos violentos, destruição de plantações, assassinatos seletivos de dirigentes camponeses, imputações, militarização de assentamentos camponeses. Esta realidade orienta para uma e criminalização em ascensão e é fruto da guerra assimétrica pela terra declarada entre camponeses, camponesas, indígenas e um governo neoliberal que impulsiona a pátria da soja das multinacionais do agronegócio.

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