O Que Há Entre Estofados e Saúde?

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O que há entre estofados e saúde? Grande influência, se for de poliuretano e estiverem acessíveis às crianças. É o que estuda a Universidade de Duke, .

 

http://sites.nicholas.duke.edu/superfund/education-and-outreach/whats-in-my-foam/

 

hazardous_chemicalsDurante um bom tempo, os pesquisadores da Universidade de Duke/Carolina dos Norte/EUA, em parceria com a EPA (nt.: agência de meio ambiente dos EUA) escreveram muito sobre a pesquisa a respeito de como determinados produtos químicos, retardadores de chama, têm potencial de afetar a saúde humana. Pode-se visitar o material postado sobre a exposição a retardantes de chama e seus efeitos sobre a saúde materna e infantil.

Os testes analíticos que a Universidade se propôs a fazer sobre o tipo da espuma que está no lar dos contribuintes, são gratuitos e abertos a todo público e cada família para verificar qual os químicos presentes. Podem ser enviadas até 5 amostras da espuma usadas para estofar a mobília da casa! Para mais informações sobre por que a Universidade está fazendo isso, o que a pesquisa está verificando e de como cada cidadão pode participar, visitar o site do projeto.

Se houver interesse em entrar em contato com estes pesquisadores e sua pesquisa, quanto a dúvidas ou preocupações, por favor, enviar mensagem para [email protected]

Retardadores de chama: por que?

Desde a percepção de que incêndios domésticos poderiam ser perigosos (e mortais), a Califórnia aprovou normas que exigem que o mobiliário doméstico atenda padrões de inflamabilidade específicos. Alguns materiais presentes nos móveis (por exemplo, a espuma de poliuretano dos estofados) são mais inflamáveis do que outros, produtos químicos são adicionados a eles para se cumprir esta norma. Através desta normatização de inflamabilidade, acontece o uso generalizado de substâncias químicas sintéticas que têm a finalidade de retardar as chamas em muitos tipos de mobiliário.

Como parte dos esforços contínuos dos pesquisadores em entenderem o tipo de exposição a esses produtos químicos na pessoa humana bem como o uso permanente pelas indústrias de espuma e móveis em usá-los, o laboratório da Universidade está agora oferecendo testes gratuitos da espuma presente no mobiliário doméstico. O teste determinará se está ou não presente algum ou mais dos 7 produtos químicos mais comuns, empregados como retardadores de chamas na espuma do estofado.

 

Espuma de poliuretano

Espuma de poliuretano

No momento o teste é somente sobre a espuma de poliuretano (foto acima), então por favor não deixar de ler, cuidadosamente, todas as instruções no site do projeto para ter certeza que a espuma no estofado é de poliuretano e não outro tipo de enchimento como poliéster, por exemplo.

 

Nem toda exposição é uma boa exposição …


Esta premissa vale, pelo menos, quando se trata de exposições a produtos químicos tóxicos. Infelizmente, muitos produtos químicos que são utilizados para uma finalidade específica (ou um subproduto de um determinado processo), em nossa sociedade, também são prejudiciais para a saúde humana. Exemplos clássicos incluem produtos químicos como o e os HAPs (nt.: hidrocarbonetos aromáticos policíclicos – compostos tóxicos originários da queima incompleta de material orgânico) liberados pela queima de combustíveis fósseis, cigarros bem como presentes em agrotóxicos e solventes orgânicos. E um exemplo não tão clássico é o retardador de chama. 
Eles são relativamente novos na cena das contaminações sobre a saúde e ainda pouco se sabe sobre sua toxicidade, da mesma forma em quais produtos de consumo eles são usados e as quantidades empregadas nos produtos finais. Escrevemos sobre nossa própria pesquisa de como os produtos químicos que formam o retardador de chama podem afetar a tireoide e impacto sobre o desenvolvimento neurológico, levando a comportamentos alterados e afetando a capacidade de aprendizagem. Também pode-se ler esta história da Duke sobre retardadores de chama e pesquisa da Dra. Heather Stapleton. Mas toxicidade só será importante se ocorrer a exposição.
E então, como as pessoas são expostas aos retardadores de chama?
Eles são usados em muitos produtos de consumo. Os dois principais mercados são eletrônicos e móveis. Muitos dos produtos eletrônicos que usamos em nossas rotinas diárias (pensar em telefones , computadores e televisores) têm retardadores de chama para manter as pequenas partes condutoras de correntes elétricas onde se formam faíscas, seguras enquanto se fala nos telefones, procura-se fotos e imagens na internet ou se assiste o último capítulo da novela.
As espumas de poliuretano utilizado em móveis, como sofás e colchões, são frequentemente tratados com retardadores de chama, a fim de cumprirem as normas de inflamabilidade específicas. Há muito pouca informação no mundo dos negócios, bem como sobre qual retardador de chama está presente na espuma ou nos eletrônicos. Alguns grupos oferecem testes de produtos domésticos para que os consumidores estejam cientes das concentrações destes produtos químicos. E algumas empresas, incluindo do mundo da electrônica, estão se afastando de determinados produtos químicos, incluindo os retardadores de chama, o Bisfenol A/BPA e os ftalatos.
Mas de alguma forma, os produtos químicos que formam a família dos retardadores de chama estão se lixiviando tanto dos eletrônicos com dos móveis e se acumulando e contaminando todos os corpos. Curiosamente, esta contaminação também está partido dos alimentos, como se verá abaixo.
Vários estudos revisados ​​por especialistas encontraram concentrações de retardadores de chama em amostras de sangue (Herbstman et al e Marchitti et al) e no leite materno (Gascon et al). Vários outros estudos detectaram níveis elevados de retardadores de chama nestes dois meios de vida humanos. As concentrações no leite são preocupantes uma vez que os lactentes e as crianças são susceptíveis de serem expostos diretamente aos retardadores de chama, durante estes períodos críticos do seu desenvolvimento. É improvável que as pessoas estejam comendo a espuma de seu mobiliário ou mesmo mastigando seus aparelhos eletrônicos. Se é assim, como então os retardadores de chama entram em seus corpo, além do contato direto?
O que você pode fazer?
A dieta alimentar pode ser uma via bem provável.Numerosos estudos nos EUA (Schecter et al e Fraser et al), Espanha (Bocio et al) e Japão (Ohta et al) vêm observando os PBDEs (uma família de moléculas com o elemento bromo, usadas como retardadores de chama) e as cadeias alimentares. Da mesma forma a exposição focando em peixes, avescarne vermelha, e o consumo de produtos lácteos. Uma das principais conclusões foi a de que carne e produtos lácteos tendem a ter altas concentrações de retardadores de chama, enquanto os vegetais têm concentrações menores. Relacionado a isso, as mulheres que comiam quantidade maiores de carne e produtos lácteos, eram muitas vezes mais propensas a terem concentrações mais elevadas de retardadores de chama em seu leite materno. O foco na carne e produtos lácteos é devido ao fato de que os retardadores de chama são lipofílicos, o que significa que se dissolvem em gorduras e não em água. Assim, eles tendem a ser encontrados em produtos com alto teor de gordura.
Um estudo também descobriu que os vegetarianos tinham concentrações séricas de PBDE, 25% mais baixos do que os dos onívoros. A outra via provável é o  das residências. Novamente, muitos estudos foram realizados observando as concentrações de retardadores de chama no pó (Allen e Stapleton et ai, Johnson et ali, e Dodson et ali). Os cientistas, muitas vezes, limpam espaços ou aspiram com um aspirador para terem amostras de poeira. Em seguida, analisam o conteúdo do que está presente nela. Observam que há retardadores de chama desde que sejam adicionados às espumas e não fazendo parte delas (como acontece com tatuagem temporária e uma permanente) sendo susceptíveis de integrarem a poeira doméstica pelos minúsculos pedacinhos dela que se desprende do mobiliário.Sendo assim, os retardadores de chamas então estão presentes em miríades de coisas que usamos no nosso dia a dia, tanto em casa como no trabalho… Mas, será que podemos reduzir esta exposição?
Os cientistas não têm uma boa maneira de medir os riscos potenciais desta exposição, mas a exposição a retardadores de chama sobre as crianças tem sido associada a QI mais baixo e TDAH/transtorno de atenção de hiperatividade (Roze et al, De Cock et al, e Herbstman et al). Os retardadores de chama também são tidos como aqueles que afetam a saúde reprodutiva. O trabalho de todos esses cientistas sugere que limitar a exposição aos retardadores de chama é uma coisa boa. A Dra. Heather Stapleton sempre salienta a importância de lavar as mãos regularmente já que esta ação irá promover que os retardadores de chama, vindos pela poeira, sejam reduzidos diminuindo as chances de ingeri-los. Também se pode aspirá-la regularmente para evitar seu acúmulo onde estão contidos os retardadores de chama na casa. Para outros guias, veja os sites abaixo.
Recursos do Instituto de Política de Ciência Verde  (Resources from the Green Science Policy Institute)Grupo de Trabalho Ambiental  (Environmental Working Group)

O que os retardadores de chama tem que ver com a saúde materna e infantil?


Aqui se tratará dos efeitos dos produtos químicos retardadores de chama na aprendizagem e no comportamento. Neste ano de 2013, Laura Macaulay escreveu seu trabalho, avaliando os impactos dos retardadores de chama sobre a tireoide e seus importantes e vitais hormônios. Ela trabalha no aspecto ligado a exposição das coisas enquanto, mais tarde, outro pesquisador trabalha no lado comportamental. 
Por que toda esta confusão quanto aos retardadores de chama e relações com aprendizado e comportamento? Bem, antes de tudo, não são os pesquisadores os únicos que contribuem para este alvoroço… os retardadores de chama vêm criando manchetes nos últimos tempos. Isto é, em parte, porque os retardadores de chama são encontrados em uma série de produtos de consumo (ou seja, a maioria das pessoas estão entrando em contato com os retardadores de chama de forma regular).
Por outro lado, porque já foi mostrado que eles interferem com os processos normais dos órgãos internos. 
Por causa da ligação entre retardadores de chama e neurodesenvolvimento (o desenvolvimento dos nervos e do sistema nervoso), os cientistas estão literalmente escavando tudo sobre as exposições materna e infantil pelos retardadores de chama. Um exemplo recente é da docente da Universidade, Dra. Susan Murphy, quanto ao seu trabalho a respeito da interação entre genes e meio ambiente. E como isso impulsiona o desenvolvimento fetal no útero (ouvir ou ler a entrevista na NPR). Essa interação é chamada epigenética – ou como os genes individuais podem ser ligados e desligados por certas substâncias químicas (como retardadores de chama ou nutrientes) e alterarem o desenvolvimento normal do feto. Mas a epigenética não é a única maneira que retardadores de chama impactam o aprendizado e o comportamento.
Como já mencionado antes, há a relação com a glândula tireoide e seus hormônios. Esta glândula e seus hormônios são parte integrante de um sistema orgânico maior chamado de sistema endócrino. Não só podem os retardadores de chama interferir com a tireoide, como também perturbarem a função normal de outras áreas de todo o sistema endócrino – por isso são chamados disruptores endócrinos. E é como disruptores endócrinos que os retardadores de chama podem afetar o desenvolvimento neurológico. E uma vez que a programação para o desenvolvimento normal do sistema nervoso é definido realmente cedo (no útero ou como bebezinho), que a compreensão dos efeitos sobre a saúde associados à exposição materna, é fundamental.
Então, como uma pré gestante ou qualquer outra pessoa está exposta a este material? No contato diário, por um período de tempo, com artigos, incluindo mobiliário, que tenham substâncias químicas adicionadas a eles, que representam um risco à saúde. Éteres difenil-polibromados ou PBDEs, são produtos químicos, retardadores de chama, utilizados em móveis e outros itens domésticos, incluindo eletrônicos. Em grande parte, foi eliminado (nt.: em estados norte americanos) seu uso ao longo dos últimos anos (voluntariamente por alguns fabricantes) e proibido na Califórnia em 2006 por causa de conhecidos efeitos negativos na saúde. Tracey Woodruff, diretor de um programa na UCSF (nt.: University of California, San Francisco), que tem seu foco sobre a saúde reprodutiva, tem sido um dos pesquisadores que estudam o nível de PBDEs no sangue. (a Dra. Heather Stapleton também está estudando os PBDEs no sangue). Um dos trabalhos mais recentes de Woodruff , publicada no periódico Environment Science & Technology, mostra diminuição nos níveis de PBDE em mulheres, entre 2008-2012. É bastante notável que os cientistas já mediram uma diminuição nos níveis de PBDEs no sangue em resposta aos regulamentos. Medindo os PBDEs no sangue, dá uma boa ideia dos montantes de PBDEs a que mulheres grávidas estão expostas a e como isso pode estar afetando a saúde das crianças, mas, mesmo com a diminuição dos níveis sanguíneos, também é importante continuar estudando os mecanismos de toxicidade (observando roedores e peixes) pela exposição aos químicos sobre a aprendizagem específica e efeitos comportamentais.
                                                                                                           
                                                            Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, novembro de 2015.

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