Proibição Global à liberação comercial das árvores transgênicas


Fórum Global da Sociedade Civil
"Bem-vindo ao mundo real"
13-31 de março de 2006 - Curitiba


 "A destruição da fauna e da flora, os impactos sobre a água potável, a desertificação dos solos, o colapso dos ecossistemas de florestas nativas, mudanças nos padrões dos ecossistemas e sérios impactos sobre a saúde são alguns dos potências efeitos caso seja liberada a comercialização das árvores transgênicas", explicou a representante do Global Justice Ecology, Anne Petermann. A americana participou do painel "Monocultura de Árvores: uma ameaça para a Biodiversidade" que foi realizado nesta segunda-feira (27). O evento, aberto ao público, faz parte a programação do Fórum Global da Sociedade Civil, que acontece, em Curitiba, de 13 a 31 de março, durante a MOP 3 do Protocolo de Cartagena e a COP 8 da Convenção de Diversidade Biológica (CDB).

 "Desenvolver árvores resistentes a insetos, ao glifosato, para ter menos lignina e crescimento mais acelerado buscando, assim, maximizar os lucros das empresas de celulose é o objetivo principal dos investimentos em pesquisas em árvores geneticamente modificadas", destacou a pesquisadora. Segundo Anne, a possível liberação das árvores transgênicas pode agravar ainda mais os efeitos nocivos, já existentes, das monoculturas de árvores com fins comerciais. "A COP 8 da CBD deve impor uma moratória sobre a tecnologia e lançar uma análise aprofundada e global dos riscos da liberação das árvores transgênicas", enfatizou Anne.

 De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação publicado em julho de 2005, foi constatado que existem 225 campos de experimentação ao ar livre de árvores transgênicas em 16 países, com 150 testes nos Estados Unidos. Os restantes estariam localizados principalmente na Europa e em países em desenvolvimento como a Índia, Chile e Brasil. O estudo também revela que mais da metade dos pesquisadores consultados sobre os riscos econômicos e socioambientais associados com as árvores transgênicas preocupam-se com com a ameaça ambiental de escape do polén ou plantas transgênicas para ecossistemas nativos e florestas e seus impactos sobre outras espécies.

 O Brasil e as árvores geneticamente modificadas

  Conforme Anne, no Brasil, três empresas do setor da celulose  estão desenvolvendo pesquisas de árvores geneticamente modificadas: Aracruz Celulose, Suzano e International Paper através da ArborGen. "A Aracruz, em 1998, foi a primeira  companhia a receber autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para testes de laboratório", explicou. A Suzano está financiando pesquisas, segundo Anne, com objetivo de diminuir a lignina e aumentar o conteúdo da celulose além de estar interessada em produzir uma árvore de eucalipto resistente à seca. Já a Internacional Paper, explicou a pesquisadora, é sócia da ArborGen, a maior companhia de árvores geneticamente modificadas do mundo que pretende experimentar os seus eucaliptos transgênicos no Brasil. A Aracruz, a Suzano e a Internacional Paper estão envolvidas em pesquisas geneticamente modificadas porque acham que podem obter mais lucro com isso", afirmou Anne.

 Monoculturas não são florestas

 "A indústria de celulose insiste em chamar monoculturas de árvores exóticas de "florestamento" ou " reflorestamento". Um termo inadequado que disfarça o caráter destruidor destas plantações em larga escala", afirmou a bióloga da Defesa Biogaúcha, Ana Paula Fagundes. Ela explicou que florestas são ecossistemas complexos, que possuem uma rede de inter-relações entre fauna, flora e outros elementos do ambiente diferente das plantações de árvores que exploram apenas uma cultura de árvore. 

 Os possíveis impactos da expansão das monoculturas de árvores no pampa gaúcho foram abordados pela representante do Núcleo Amigos da Terra/Brasil, Carla Villanova. De acordo com a engenheira agrônoma, artigo sobre os impactos das monoculturas de árvores no pampa argentino (extensão do gaúcho), publicado em dezembro de 2005, aponta que houve uma redução 50% do fluxo das águas dos rios, a seca de 13% dos rios, córregos e arroios, além do aumento da salinidade e acidez do sólido. Ela ainda citou as pesquisas do biólogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ludwig Buckup, mostrando que seria necessário chover 13 vezes mais no pampa gaúcho para ter condições de suportar a expansão das monoculturas.

 "Na Europa os locais que possuem monoculturas de pinus são um verdadeiro deserto em biodiversidade", afirmou a representante da Global Forest Coalition Simone Lovera que criticou também a propaganda pró-indústria do papel. "As indústrias estão focadas no aumento de seus lucros e não se importam com os impactos socioambientais de seus empreendimentos", ressaltou.
 
 Daniele Sallaberry Assessora de Comunicação do FBOMS/Fórum Global da Sociedade Civil (51) 8125 8049


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